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Modalidades de Cessão de Crédito: Entendendo as Estratégias, Riscos e Vantagens

5/15/20253 min read

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Modalidades de Cessão de Crédito: Entendendo as Estratégias, Riscos e Vantagens

Em um mercado financeiro em constante evolução, a cessão de crédito tem se tornado uma ferramenta essencial para empresas que buscam liquidez, gestão de risco e acesso a capital. Esta prática consiste na transferência de direitos creditórios de um credor (cedente) para outro (cessionário), podendo assumir diferentes formatos de acordo com a natureza da operação, o perfil do risco e os objetivos das partes envolvidas.

Neste artigo, exploramos as principais modalidades de cessão de crédito, incluindo a co-obrigacão, recebíveis performados e não-performados, bem como operações com um ou múltiplos cedentes.

1. Cessão com ou sem Co-obrigacão

Com Co-obrigacão: Nesta modalidade, o cedente permanece responsável pelo pagamento ao cessionário caso o devedor original não cumpra com a obrigação. É comum em operações de factoring e FIDCs. Essa estrutura é considerada menos arriscada para o investidor, pois conta com uma garantia adicional de pagamento.

Sem Co-obrigacão: Aqui, o risco de inadimplência é transferido integralmente para o cessionário. Essa modalidade é mais adequada para investidores com maior apetite a risco e conhecimento sobre a qualidade da carteira adquirida.

A escolha entre essas duas modalidades depende da estratégia financeira da empresa e do perfil do investidor envolvido.

2. Recebíveis Performados vs Não-performados

Recebíveis Performados: São créditos que estão sendo pagos em dia pelos devedores. Essas carteiras são vistas como de menor risco, ideais para FIDCs tradicionais ou operações de antecipação de recebíveis. Possuem maior liquidez e atraem um espectro mais amplo de investidores.

Recebíveis Não-performados (NPLs): São créditos em atraso, muitas vezes considerados de cobrança difícil. Ainda assim, representam uma oportunidade para investidores especializados em recuperação judicial ou extrajudicial, pois costumam ser adquiridos com grande deságio (desconto sobre o valor de face).

Empresas vendem NPLs como forma de "limpar" o balanço e melhorar indicadores financeiros.

3. Operações Mono-cedente e Multi-cedentes

Mono-cedente: Envolve a cessão de créditos de uma única empresa. Essa estrutura é comum em FIDCs exclusivos, onde todo o risco está concentrado em um originador. A vantagem é a personalização da estrutura de funding, enquanto o desafio está na necessidade de rating, governança e controle da empresa cedente.

Multi-cedentes: Diversos originadores (empresas cedentes) compartilham a estrutura. O risco é diluído, e há maior diversificação dos créditos. Esta é uma opção bastante utilizada por gestoras de FIDCs abertos ao mercado, que buscam ampliar a base de ativos e reduzir a dependência de um único fluxo.

Ambos os modelos têm sua validade conforme o objetivo da operação: liquidez, diversificação, controle ou escalabilidade.

4. Benefícios para Empresas Cedentes

A realização de cessão de crédito traz diversas vantagens para empresas que desejam otimizar sua gestão financeira:

  • Melhoria do Fluxo de Caixa: A antecipação de recebíveis permite transformar créditos a prazo em recursos imediatos, essenciais para capital de giro e investimentos.

  • Redução da Dependência Bancária: Ao acessar investidores diretamente, a empresa reduz sua exposição a condições bancárias restritivas e negociações onerosas.

  • Melhoria de Indicadores Contábeis: A cessão pode diminuir o tamanho do ativo circulante e reduzir o risco de inadimplência no balanço.

  • Aumento da Eficiência Financeira: Com mais previsibilidade de caixa e acesso a funding competitivo, a empresa pode planejar de forma mais eficaz.

  • Liberação de Limites de Crédito: Ao reduzir a exposição no balanço, a empresa pode liberar limites junto a bancos e fornecedores.

Esses benefícios tornam a cessão de crédito uma estratégia inteligente, especialmente em contextos de juros altos e restrição de liquidez no mercado.

5. Riscos e Cuidados na Estruturação

Cessar créditos não é apenas uma questão contábil ou contratual. É preciso avaliar:

  • Originação dos recebíveis: Qualidade do processo comercial e documentação dos créditos.

  • Histórico de inadimplência: Risco de perdas não previstas.

  • Capacidade de cobrança: Especialmente relevante em NPLs.

  • Due Diligence: Verificação dos lastros, contratos e fluxo de pagamento.

A atuação de consultores, auditorias e escritórios especializados é fundamental para o sucesso da operação.

6. Tendências do Mercado

Nos últimos anos, o avanço da tecnologia e da regulação permitiu maior segurança e dinamismo nas cessões de crédito. Destaques incluem:

  • Plataformas de tokenização de recebíveis

  • FIDCs de fintechs que automatizam a cessão com alta granularidade

  • Aumento do mercado de NPLs com participação de grandes gestoras internacionais

Conclusão

A cessão de crédito é uma ferramenta poderosa quando bem estruturada. Conhecer suas modalidades, riscos e objetivos é essencial para empresas que desejam gerar liquidez de forma inteligente e para investidores que buscam oportunidades em crédito privado. Ao escolher entre co-obrigacão, tipos de recebíveis e estrutura de cedentes, é possível alinhar retorno e segurança de acordo com o perfil de cada operação.